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sábado foi um dia bonito.
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quando o tempo nos abraça na tranquilidade, e o espaço à nossa volta se reacende e nos devolve vida, ou vivacidade, subtilmente voltamos a acreditar. nunca acreditei no esoterismo, mas antes na propensão do ser humano para a aprendizagem do sentir. uma evolução natural como um amadurecimento, um fruto na árvore a absorver os seus nutrientes e a adocicar-se.
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(a minha amiga das cartas diz-me que estamos todos ligados como árvores. acredito, com sábados destes, bonitos)
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e eu devo acreditar nas forças das sequências imprevisíveis, a cada acção se repete reacção e por aí adentro vamos ao âmago, ao nosso pulsar mais silencioso, e ao virarmo-nos do avesso expor de novo a pele ao sentir. como se tudo em nossa volta estivesse em baixa frequência, sinais e comunicações pacifistas.
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ah, se não existe gente boa, lugares bons, círculos livres da dependência do mundo tóxico, pura energia enquadrada nos corredores selvagens do nosso peito. e ao virar o copo de pernas para o ar, começar a beber do seu fundo, deitar fora o excesso.
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(recebo um telefonema enquanto escrevo isto, a reforçar a função da energia vital)
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seduz-me a ideia de que só vivemos uma vez. o tempo só se esgota na justa medida do nosso afastamento, e a morte é só uma linha de horizonte imperceptível. por isso o sábado foi um dia bonito, não tinha horizonte.
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