quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

eppur si muove

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como disse atrás, não há estanquidade na entrada de um ano novo. mesmo que nos forcem a acreditar que a mudança de um ano altera algo de substancial nas nossas vidas. não é verdade. podemos aproveitar para impelir a nossa vontade ao esforço necessário para tal desiderato. mas o mundo continua numa linha contínua de tempo, com a sua linearidade abstracta. eppur si muove.
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contudo não devemos perder de vista que os objectivos pessoais devem ser bem balizados no tempo. suponho que viverei mais uns 25 anos. tenho estado a definir dois grandes objectivos para os os próximos 20 anos. cada um para cumprir num prazo de 10.
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portanto, 2013 não é mais que uma peça neste puzzle. para usar mais uma expressão bonita, será o ano en passant. não há nada de especial a concretizar, mas será importante no desenho dos próximos anos. será um ano especial de comemorações de datas redondas. e será o ano dos alicerces. o ano da aproximação sustentada à arte do cinema e da literatura (incluindo a vertente ensaio). em 2012 foram 75 filmes e 25 livros (descobri o bellow; afirmo que é o melhor romancista que li). para este ano projectam-se aterragens mais consistentes no mundo da escrita.
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aponto 2014 como o início da caminhada (daniel faria dixit):
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Procuro o trânsito de um homem que repousa em ti
Como se desvia um homem do seu coração para seguir viagem
Como deixa ficar tudo e acrescenta à sua herança

Procuro conhecer os símbolos, os marcos miliares
Diurnos, como se lêem
Sinais de fumo e o ângulo dos pombos – e todas as coisas
Que nos chegam da distância

Procuro saber como se fecham os pés dentro dos teus
Percursos
Como se põe descalço um homem que necessita
De atravessar-se

E desejo outra vez desdobrada a tua palavra cheia
De estrelas

Para que as recorte, para que as ponha no silêncio
Vivas
Na minha boca e nas minhas mãos
Em chamas

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talvez partindo, e regressando noutra dimensão, possa voltar a acreditar em pessoas e valores. neste momento não vislumbro um caminho capaz de alterar a minha descrença. este derrotismo (que devo dizer é sustentado em pressupostos bem distintos da maioria; muito menos nesta crise valores disfarçada de crise económica) é como aquela ponte de avignon: parada no meio do rio. e não há vejo pilar que possa sustentar a construção até à outra margem.
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mas é como diz um grande amigo: há lá melhor metafísica do que comer um chocolate?
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