quinta-feira, 12 de agosto de 2010

recita [3]

da memória e do tempo
.
.
Um dia tomei o pequeno-almoço duas vezes porque esqueci a primeira, e aprendi a reconhecer o alarme dos meus amigos quando não se atreviam a avisar-me de que lhes estava a contar a mesma história que lhes havia contado na semana anterior. Nessa altura tinha na memória uma lista de rostos conhecidos e outra com os nomes de cada um, mas no momento de cumprimentar não conseguia que coincidissem as caras com os nomes. [pp.11]
.
[...] é um triunfo da vida que a memória dos velhos se perca para as coisas que não são essenciais, mas raras vezes falhe para as que na verdade interessam. Cícero ilustrou-o de uma penada: Não há um velho velho que esqueça onde escondeu o seu tesouro. [pp.12]
.
Gabriel García Márquez
Memória das minhas putas tristes, Colecção Bis, Leya
.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário