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Quando sós à boleia do crepúsculo |
[para o Fernando Guerreiro] Não mais a literatura, os seus fúteis e imperiosos desígnios - julgamos dizer, insistindo numa ourivesaria do terror e em gestos que sabem o quanto chegam tarde. Quando sós, à boleia do crepúsculo, dizemos coisas assim, mentimos com os dentes todos que não temos. E a mentira (a literatura) é ainda a improvável derrota de que não nos salvaremos nunca. Tão igual à vida, portanto: pouso o copo, recupero o fôlego, fumo uma silepse. Sei que vou morrer. E isso que - talvez - nos diz é uma evidência que escurece (tivemos por amigo o desconforto). Quanto ao mais, vamos andando. Casados ou sozinhos. Mortos. Manuel de Freitas [SIC] poesia inédita portuguesa Assírio & Alvim |
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