.
Talvez, sim, exista uma espécie de subtil poesia na derrota, no futebol como em
outras actividades humanas – no amor, por exemplo, ou no trabalho. Não há como
ignorar a dignidade dos onze que abandonam a relva de cabeça baixa, com o olhar
apontado à biqueira das chuteiras. A derrota inibe o derrotado, esmaga-o, e
planta nele uma angústia e uma melancolia amargas (coisas que, normalmente, se
dissolvem no banho). No domingo seguinte, como na próxima jornada de trabalho ou
na próxima paixão, o derrotado regressa ao palco do fracasso e tenta, outra vez,
a sua sorte. Volta a acreditar. E isso é já uma forma de ser poeta (ou louco,
que é um pouco a mesma coisa).
.
.
.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário