terça-feira, 10 de julho de 2012

a poesia da derrota

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Talvez, sim, exista uma espécie de subtil poesia na derrota, no futebol como em outras actividades humanas – no amor, por exemplo, ou no trabalho. Não há como ignorar a dignidade dos onze que abandonam a relva de cabeça baixa, com o olhar apontado à biqueira das chuteiras. A derrota inibe o derrotado, esmaga-o, e planta nele uma angústia e uma melancolia amargas (coisas que, normalmente, se dissolvem no banho). No domingo seguinte, como na próxima jornada de trabalho ou na próxima paixão, o derrotado regressa ao palco do fracasso e tenta, outra vez, a sua sorte. Volta a acreditar. E isso é já uma forma de ser poeta (ou louco, que é um pouco a mesma coisa).
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