quarta-feira, 19 de setembro de 2012

tudo o que eu não escrevi *

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não sou muito dado a reflexões desnecessárias. nem muito profundas. mas há assuntos que me ocupam a cabeça e que tenho de os praticar mais amiúde, de maneira que aqui vai o que pensei nos últimos três dias.
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li este artigo do m. m. carrilho (o ex-da cultura, não aquele do sporting) e retive uma frase maravilhosa:
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os homens não conseguem viver muito tempo do perfume de um frasco vazio
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ernest renan
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no fim da leitura apetecia-me partilhar a frase aqui ou no facebook (se não alimentamos o monstro caminhamos para a morte social - palavras da minha sobrinha, que afirma já ter colegas no purgatório; eu por mim mantenho-me no estado coma social - nem vivo, nem morto. ando por aí como o santana lopes)
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o problema é que se ouve dizer que, por toda a internet, há citações atribuídas a pessoas erradas, autores a reclamar a autoria de umas frases, e outros a declinar ter alguma vez dito tais abominações. eu até nem fui verificar a veracidade da afirmação, apenas me interessava o contexto em que ela estava inserida. a verdade é que depois de uma busca em português, francês e inglês, não encontrei nada que se aproximasse da afirmação.
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há uns tempos atrás, aquando da anunciada demência do escritor garcía márquez, surgiu um longo texto na blogosfera repetido ao expoente da sua beleza. ao que parece é uma destas falsidades. o texto nunca foi escrito por ele, mas tornou-se copy-past recorrente.
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não duvido que o carrilho leia coisas que ninguém lê (a bárbara é uma delas), nem que a frase seja mesmo do filósofo, mas não havendo nem uma única replicação desta afirmação, devo ser eu percursor de uma suposta falsidade?
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apela-se à contenção. (agora releiam a frase de novo que vale o neurónio)
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* título dos dois volumes diarísticos de eduardo prado coelho (está em tão bom preço...)
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